segunda-feira, 1 de julho de 2019

"No dia em que eu descobri que amor não mata"



Ele era o menino que eu gostava. Era por quem eu passava horas me arrumando na saída do colégio, exagerando no batom para parecer mais velha. Ele era quem eu espiava nos intervalos da aula e suspirava sozinha olhando a quadra. Ele me fazia tremer, me fazia esquecer o que eu ia dizer, me fazia passar vergonha de tão nervosa que eu ficava. Ele não me dava a menor bola, mas naquele dia me ligou. Disse que conseguiu meu telefone com uma amiga, que tinha lembrado de mim e me escrito uma carta. Corri até o shoppinzinho para comprar o CD, mas não consegui aguentar o suspense e ouvi a letra nos headphones da loja. Era um pedido de desculpa que no final me perguntava se já era tarde.⠀

Não era. Na verdade, era bem cedo. Aquilo era só o começo de uma avassaladora paixão adolescente, com beijos demorados, telefonemas intermináveis e apelidos constrangedores. ⠀

Nosso namoro durou dois anos. Quando terminou, achei que eu fosse morrer. Chorei até ficar cansada, emagreci, escutei obsessivamente o mesmo álbum do Tim Maia. Mas aí aconteceu uma coisa inesperada: eu sobrevivi. E ter sobrevivido, para mim, foi tão definitivo quanto ter amado. No dia em que eu descobri que amor não mata, eu fiquei mais cética em relação a toda aquela loucura e passei a encarar aquela empolgação como algo passageiro. Passei a usar com mais cuidado o sempre e o nunca, entendi que a gente muda.⠀

No dia em que eu descobri que o amor não mata, eu parei de morrer por amor, mas hoje, sem querer eu escutei aquela música. Fui arremessada para janeiro de 98 e consegui me lembrar exatamente como me sentia. Deu vontade de voltar no tempo só pra poder cochichar: "cruza essa ponte, querida, e vive a parte mais mágica da sua vida. Não se culpe, não se desculpe, porque isso não volta. Pode ser que não seja amor, que seja paixão, mas não importa. Aproveite o que você está sentindo."⠀

Sarah Westphall || @csv.oficial

sábado, 9 de fevereiro de 2019

O Guarda Chuva


Havia tido uma semana desgastante e um fim de semana de decepções. Levantei da cama como se tivesse todo peso do mundo em minhas costas. Arrastei-me pela casa, arrumando minhas coisas para sair, enquanto lá fora caia uma chuva pesada e eu não me importava, pois estava como aquela segunda feira: cinza, fria, chuvosa, triste e cheia de má vontade. Como era comum em minha rotina me atrasei para sair de casa. A chuva tinha dado uma pausa e, mesmo saindo às pressas, perdi o ônibus. Iria novamente chegar atrasada no trabalho, mas estava tão indiferente e alheia a tudo, que não me incomodei. Continuei andando com passos pesados, olhando para o chão, para a lama, para meus pés, para as poças d'água. Eu não queria pensar. Meu coração doía não apenas pelas feridas, mas principalmente por estar chegando a triste conclusão de que o amor não existia em mim e em ninguém mais.

Enquanto caminhava, cogitei voltar à casa e me desligar de tudo, ao menos por algumas horas. Continuei, no entanto, em frente e, ao chegar ao ponto, lembranças que estava evitando viam e iam como ondas espumosas e furiosas em meu mar de pensamentos escuros. Olhando para o chão, eu não via nada nem ninguém, e, com minha mente barulhenta, não ouvia nem o som dos carros passando. Concentrada e lutando contra minhas angústias, não notei a chuva voltando a cair, e foram as gotas geladas que me trouxeram à realidade. Levantei meus olhos e mecanicamente levei a mão à bolsa para pegar o guarda-chuva. Ele não estava lá. Nesse momento, fui assaltada por uma súbita compreensão: minha vida, em resumo, estava como aquele momento – sem esperança e sem guarda-chuva. Pus-me a refletir que não podemos controlar as mudanças climáticas, porém, podemos nos respaldar nas previsões e sair de casa com casaco, sapatos fechados e um guarda-chuva. Entendi que não é diferente com o coração. Não podemos controlar as mudanças dos nossos sentimentos e de outras pessoas, mas podemos prestar atenção à nossa volta e nos resguardar com amor próprio, com sensatez e com uso da razão. Então eu não tinha controle, não prestava atenção, não estava de sapatos fechados, não era sensata e esqueci-me do guarda-chuva.

A chuva apertou e um nó se fez em minha garganta, como é ruim ver-se vulnerável, e minha tristeza deu lugar a uma dor funda. Senti as forças fugirem de mim e os meus olhos arderem. Pensei em Deus e no porquê dele me deixar sempre tão sozinha, no porquê em me permitir trilhar caminhos tão espinhosos, e senti um abandono tão cruel quanto se estivesse caindo em um abismo escuro. Já sem conseguir conter as lágrimas, com frio e perdida em pensamentos, não notei que não estava mais me molhando. Demorei alguns segundos para ver que, apesar da chuva estar mais intensa, ela havia cessado sobre mim. Ao levantar meus olhos, vi uma estranha ao meu lado e ela me cobria com o seu guarda-chuva. Ela estava no ponto comigo o tempo todo e não notei. Eu me assustei e olhei para ela sem compreender o porquê dela fazer aquilo. Então, entendendo minha reação, ela logo me disse: “meu guarda-chuva é grande e quero dividi-lo com você, não me custa nada!” e sorriu.

Sorri desconcertada e timidamente agradeci. Minha voz saiu baixa e embargada, continuei chorando e, em nosso silêncio, me esforcei para que ela não percebesse minhas lágrimas. Ela encostou o seu ombro no meu e eu fui aquecida até o fundo da alma. Eu não estava mais sozinha, e vi Deus naquele gesto, debaixo daquele guarda-chuva e por trás daquele sorriso. O ônibus veio, agradeci mais uma vez à moça e, ao embarcar e me sentar, fechei os meus olhos e agradeci a Deus. Um pequeno gesto de gentileza e amor quebrou toda a dor que tomava meu coração. Em silêncio e com lágrimas eu adorei ao Senhor, este Deus imenso que, como Davi descreve nos Salmo 113, se inclina para ver o que está no céus e na terra. Naquela segunda-feira cinza e afundada em tristeza, eu vi Deus se inclinar e me olhar nos olhos. Ao chegar no trabalho, meu coração não doía mais. Estava sarada! Esse acontecimento mudou meu dia, minha semana, minha vida. Deus usou aquela mulher e ela não sabe disso. Não a conheço, mas a sua atitude me mostrou que ela tinha amor em seu coração, a ponto de ajudar alguém que não conhecia, mesmo que com um simples gesto. 

O amor que eu pensava não existir se manifestou de uma maneira surpreendente, tomou e preencheu meu coração. Deus estava atento a mim e veio ao meu encontro e me protegeu com seu imenso guarda-chuva de amor e graça e me disse: ele é grande e quero dividi-lo com você! Chuvas são necessárias e inevitáveis, mas o meu grande guarda-chuva sempre estará aqui para te proteger.

Kelly Casttro Publicado em 28/06/2014.

Faz de conta...


Quando era criança brincar de faz de conta era sempre a melhor brincadeira. Naquela hora, eu e meus amigos éramos tudo o que quiséssemos ser, desde de reis e rainhas, guerreiros de collant colorido batendo em monstros esquisitos, ninjas e samurais, os melhores atiradores, os melhores jogadores, os melhores motoristas e espadachins. Numa dessa, brincando de faz de conta ser índio, vi meu primo acertar uma flecha de palito de churrasco no meio da testa de sua irmã, e a flecha ficar lá, fixa, com o sangue escorrendo pelo rosto minha prima que chorava e gritava, enquanto nós, em pânico não sabíamos se acudíamos a vítima, elogiávamos o primo por haver acertado no meio, bem certinho, ou ríamos do trágico ocorrido.

Hoje somos todos adultos, mas a brincadeira de faz de conta continua sendo muito popular entre nós. Vivemos nossas vidas fazendo de conta que somos responsáveis, que pagamos todas as contas, que somos amigos, que sentimos falta, que amamos, que somos felizes, que fizemos as melhores escolhas no emprego, nos relacionamentos e estudos. Fazemos de conta que não nos arrependemos, e é incrível como acreditamos e reforçamos o nosso faz de conta. Se a gente não acreditar, quem vai? O legal é quando encontramos um com os outros, nos abraçamos, beijamos, puxamos o melhor sorriso, afirmamos que está tudo bem, que a vida está ótima, que é bom o reencontro e o concluímos sempre com um "vamos marcar algo?" O algo que não queremos marcar, mas fazemos de conta que queremos nos ver de novo.

Algumas vezes me notei no exercício dessa brincadeira, fazia-a involuntariamente, aliás, desde criança praticando, como não iria tornar-me uma fera no assunto? Ao encontrar-me com amigos, parentes, conhecidos, usava sempre o mesmo faz de conta: tudo bem, tudo ótimo com os estudos, trabalhos, relacionamentos, família. Tudo legal. Sorrisos grandes e brilhantes dignos de comerciais de creme dental, abraços mornos e rápidos, tapinha nas costas, e, à despedida, o fim do faz de conta seguido pelo brotar da verdade, quando todos começamos a debulhar a nossa entediante realidade.

Noutro dia, encontrei uma pessoa que trabalhou comigo um tempo. Ela não gostava de mim e eu não me importava com ela. Eu estava num ônibus, ela prestes a entrar, eu não estava afim de brincar de faz de conta. Fechei os olhos e atuei um sono de uma trabalhadora cansada, mas, a infeliz gosta tanto da brincadeira que se aproximou e me acordou, sorrindo com gritinhos de surpresa, e eu, claro, puxei uma atuação que valia um Oscar: com o mais belo sorriso, fingi espanto ao vê-la, falei algumas mentiras e desci do ônibus me sentindo péssima. A brincadeira começou a me incomodar. Não era mais para mim.

Brincava também em meus empregos: como preciso de dinheiro, o meu faz de conta era de um profissional capaz de tudo, versátil, multifuncional, que topava qualquer parada, que tirava leite de pedra. Comecei, contudo, a notar que estava me dando mal, porque trabalhava além da função enquanto a empresa fazia de conta que eu era a melhor, prometendo-me mais caso fizesse mais. De repente, me vi trabalhando horrores, chegando cedo, saindo tarde, enquanto as promessas permaneciam no faz de conta. Aborreci-me de verdade, e hoje entendo que realmente devo trabalhar com algo que gosto e apenas pra mim. Parei de fazer de fazer de conta que sou capaz de tudo para uma empresa que faz de conta que valoriza e remunera bem seus funcionários.

Lidei com o faz de conta em alguns relacionamentos também: caras legais entravam na minha vida com beijos quentes e palavras carinhosas, então, eu que sempre fazia de conta me envolver, havia decidido que era hora de parar de brincadeira e agir com seriedade, abrir meu coração e me jogar de cabeça. Os caras, no entanto, tão acostumados com a brincadeira, continuaram com seus joguinhos de faz de conta que é sério e, no final eu me dei mal. Namorei, de verdade, caras que viviam de mentiras. Foi muito chato e fiquei um tempo cambaleando na dúvida entre viver no faz de conta que não me machucaram e a verdade da mágoa, da ferida. Foi esse o ponto inicial para o desabar do faz de conta em minha vida. Doeu demais e sofri de verdade, mas, não me fiz de coitada e tampouco implorei compaixão dos outros. Parei também de fazer de conta que sou uma vítima.

Parei de fazer de conta que me importo, parei de fazer de conta que gosto, parei de fazer de conta que não sei, que não doeu, que não percebo quem são os falsos amigos. Parei de fazer de conta e acho que talvez o meu futuro seja de isolamento, uma vez que, quando não se aceitam as regras da brincadeira, logo vem a exclusão. Ainda assim, passei a desejar a verdade nos relacionamentos, na vida, nos sentimentos, e estou começando a entender porque sempre gostei das pessoas que são sinceras. Decidi fazer minha parte e me desfaço de pesos mortos. Não é legal ser adulta e ficar perdendo tempo com brincadeiras infantis.

Kelly Casttro
Publicado em 07/05/2013.

O dia mau


Uma estudante acorda pela manhã e, mesmo sentindo uma leve dor de cabeça, cumpre sua rotina matinal e sai para enfrentar o dia. É apenas mais uma manhã, até que o celular toque e ela receba a notícia de um acidente de carro que tira a vida de seus pais e faça a dela desmoronar. O dia mau a alcançou. Não muito distante dali, um jovem executivo acompanha sua mulher em uma ultrassonografia gestacional. O bebê estava bem, crescendo saudavelmente, mas ao ver o médico repetir e repetir o exame, o jovem sente um aperto em seu coração. Seguem-se alguns longos minutos de apreensão até que, por fim, sua esposa está chorando em seus braços, quase desfalecida. Faltava tão pouco para ter nas mãos um menino. Infelizmente, faltaram também as batidas fortes de seu pequeno coração. O dia mau chegou.

Em outra parte do mundo, uma dedicada mãe de família vai a uma consulta de rotina. Seus exames serão apenas revisados. Ela não imagina que será diagnosticado um câncer em sua mama direita e que, nesse momento, iniciará um tortuoso tratamento e uma luta para continuar a sobreviver. Um gerente de banco recém-casado, bastante dedicado, responsável e comprometido com os negócios da instituição, mal sabe que sua diretoria não está satisfeita e o demitirá nessa semana, anunciando outro para seu lugar. Uma menina sabe, pela rede social, que não tem mais namorado e que sua substituta é uma ruivinha, de quem tantas vezes sentiu ciúmes. Enquanto ela chora e quebra seu celular, uma bomba cai na Síria e várias famílias são despedaçadas e tragadas pelo fogo e blocos de concreto. Assim é o dia mau. Ele não avisa. Chega quando não esperamos por ele.

Tão importante quanto os acontecimentos, é a maneira como lidamos, recebemos e tratamos com o que acontece. O dia mau também chegou em minha casa e eu chorei copiosamente enquanto, no consultório do médico, ouvia o diagnóstico sobre pessoa que mais amo e prezo: “Não tem cura, não tem tratamento e nem como reverter esse quadro...”. Por muitos dias eu chorei escondida no meu quarto, pensando, remoendo e me culpando. O dia mau chegou e eu deixei que ele me mastigasse. Não foi a melhor escolha – deixei minha esperança ser engolida. Nesse dia mau, lembrei de Deus apenas para inquiri-lo. Perguntas e queixas sufocaram minha fé, quebraram minhas pernas, e é difícil aceitar que o dia mal foi feito para mim também e que não recebi um passe livre para que ele não bata em minha porta.

Lembro-me também, no entanto, de todos os outros dias maus que vivi e me recordo bem que foi durante eles que fiz as mais sinceras orações, ou consegui demonstrar meus verdadeiros sentimentos. Pedi perdão, disse “eu te amo” e também cantei as músicas com maior emoção. Chorei lágrimas sem nenhuma reserva e aprendi o valor de cada pessoa, e a escrever um texto inteiro. Foi nos dias maus que minha escassa fé foi provada e fortalecida. Foram dias maus que me levaram adiante, mesmo quando pedi para parar, para sumir, para me esconder. Dias maus me forjaram, cavaram minhas sapatas, levantaram minhas paredes e cobriram o meu teto. Dias maus nos constroem.

Nos dias bons, das leves e doces lembranças que guardamos, vemos nossas paredes sendo coloridas, flores sendo trocadas nas janelas e reparamos nos detalhes mimosos que decoram cada canto nosso. É impressionante como ansiamos tanto pelos dias bons, desejamos o seu toque sutil de cor nova e preocupamo-nos com o que falta em alguma parede, e, em contrapartida, como nos escondemos, choramos, nos debatemos, tampamos os ouvidos, perdemos o sono, enquanto relutamos para que sapatas, paredes e telhados sejam levantados.

Não perca a esperança! Ainda que tudo seja perdido, é no dia mau que somos tudo que somos, e esse é apenas um pequeno lembrete.

Kelly Casttro - Publicado em 26/10/2015.

On-line (Conto)




Nos conhecemos on-line. Nos esbarramos por acaso. Algo chamou a atenção dela e algo chamou a minha atenção e então nos tornamos amigos virtuais. On-line conversávamos todos os dias, ríamos juntos todos os dias, sem nenhuma defesa comecei a sentir falta dela quando não estava lá e ela disse estar sentindo a minha também. On-line eram nossas vidas juntos, eu em um estado e ela em outro, então ela partilhou um pouco de seus segredos e eu, encantando com sua doçura entreguei alguns dos meus. Ela era engraçada, inteligente, sensível, ela se importava comigo, reconhecia minha existência, uma estranha on-line que me levou pela mão pelos estranhos caminhos do amor.

Quando percebi já estava muito envolvido e ela dominava minha cabeça, acordava de manhã e ela estava lá, andava pelas ruas e ela estava lá, ia dormir a noite e me revirava na cama pensando nela, e nela e nela, eu passei a ficar on-line 24 horas por ela, não importava mais nem o dinheiro curto, então, em uma conversa já sem conseguir me segurar eu disse: Eu te amo! Ela enviou risos virtuais, me chamou de lindo e nada mais e eu esperei. E de repente o que era fácil ficou difícil, ela deixou de estar sempre disponível e os diálogos viraram monólogos onde eu falava e ela respondia dias depois. Mas teimoso não cedi, eu sabia o que sentia, olhava suas fotos, relia nossas conversas, e meu coração lá, selvagem, palpitando forte e inflado de amor.

Então, não sei dizer como, nos tornamos estranhos de novo. Regredimos ao estado inicial e o amor ficou cheio de areia. Eu ainda sentia mas não era mais como antes, como as águas inconstantes do mar os nossos sentimentos marolaram para lugares diferentes. Continuamos as conversas, mais não sentia mais nenhuma verdade, então, eu falei de novo com o "dane-se" ativado: Eu te amo!! E desabafei e despejei em cima dela tudo o que pensava, o que sentia, do meu desejo de ir até ela, ainda que fosse no inferno estava disposto a ir. E ela após um silêncio que me pareceu uma eternidade respondeu que eu podia ir, que eu podia amá-la, que eu podia sentir, que eu podia ser verdadeiro, mas, que não era para esperar o mesmo dela e isso doeu. 

Fiquei magoado, ingênuo e apaixonado não percebi que em todas as vezes que disse que a amava que com risadas e palavras escorregadias ela me respondeu, estava inflado não de amor e sim de ilusões. On-line eu a queria e queria tornar isso tão real quanto minha respiração agora enquanto digito, eu queria dar para ela tudo de mim e ela sem rodeios me disse que não tinha nada para me dar, se ela tivesse me dito que amava outro teria sido menos doloroso.

Então, decidi não mais ficar on-line. Ainda pensava nela, ainda desejava ela, ainda queria ela, mas sem as ilusões tudo ficou tão pequeno e medíocre que passou a ser suportável. Nas poucas vezes que ficava on-line ainda conversávamos, ainda ríamos, ainda era bom, o sentimento era real em mim, mas, eu vi quem ela era e o que sentia e com essa verdade atravessada na minha carne perdi o interesse de continuar conectado. 

Passaram muitos e muitos dias de vazio e então do nada e sem rodeios ela me disse: Sinto sua falta! Onde está o seu amor? Como imaginei nada disso era real! Li suas palavras com pesar e respondi: o amor é verdadeiro, mas, o que você fez com o amor que revelei? Você o rejeitou e disse não ter nada em você para mim, o que mais você quer? Ela disse: Venha a minha cidade! Vamos nos conhecer! Então, tudo o que estava morto voltou a vida, mesmo sem grana comprei as passagens para dali a 45 dias e esses foram os 45 dias mais longos que eu já vivi na minha vida, o coração doía e estava apertado, quando finalmente chegou o dia do embarque, no aeroporto eu era todo agitação, batendo a perna sem parar. Ao aterrissar em sua cidade a encontrei no aeroporto, teria pouco tempo mas, para mim seria o suficiente, precisava ter certeza, precisar ver com meus olhos e se possível com minhas mãos.

Ela era linda e muito simples, estava tímida e tão nervosa quanto eu, ela me conduziu por sua cidade, me contou algumas histórias, suas mãos estavam suadas e frias e eu a olhava, a devorava com os olhos, eu queria saber, então a beijei, primeiro com calma para conhecer o território e ela não apresentou nenhuma resistência e depois a beijei com toda a fome que eu estava sentindo por ela. Ela escorreu pelos meus braços, suspirou em meu pescoço, se enroscou no meu peito, e eu a amei de novo, mas, quanto mais a olhava nos olhos mais ela desviava o olhar, ela não conseguia mantê-los firmes em mim, mas, na hora, não me importei, era real, eu a queria e eu a tinha.

Passeamos pela cidade, comemos juntos, andamos de mãos dadas, eu lhe dei todo o carinho que eu tinha em mim e ela absorvia tudo como uma esponja sem dizer nenhuma palavra, fora: essa rua é isso, aquela casa é aquilo. Andamos de mãos dadas pelas ruas e sorrimos como namorados, mais eu sabia e via claramente onde estava o amor e onde estava a ilusão, quando chegou a hora de eu ir embora, ela em silêncio me acompanhou até o aeroporto e após fazer o check-in ela disse: vou embora! Eu lhe dei o amor que tinha, lhe dei um último beijo, lhe dei os meus braços, cheirei seus cabelos cacheados, senti o calor de sua pele, segurei seu doce rosto em minhas mãos, não queria esquecer nada e queria lembrar com precisão desse tênue limite entre virtual e real, entre o amor e a ilusão, entre expectativa e engano e enquanto saboreava seus lábios eu decidi que não ficaria perdido nesse território perigoso e hostil do mundo on-line onde os sentimentos são indefinidos, não nomeados e revelados. 

Cheguei em minha cidade bem, a viagem foi tranquila e eu estava leve, tudo sobre esse assunto eu deixei espalhado naquela cidade, ficamos muitos dias sem se falar apesar de estarmos conectados e quando finalmente ela falou comigo, disse:


Ela:oi

Eu: oi, td bem?

Ela: td, e vc?

Eu: td bem tbm!


Nós dois não tínhamos mais nenhuma palavra, on-line essa história começou e on-line ela terminou tendo como ponto final o cursor piscando, na expectativa triste e romântica da continuidade de um amor on-line, que na verdade, nunca existiu.

Kelly Casttro - Publicado em 07/05/2015.

Meu pé de feijão

Acredito que, durante a infância, todos nós tivemos a experiência de colocar um feijão em algodão úmido dentro de um copo na janela. 

Lembro que, ao fazer tal experiência, fiquei muito ansiosa e várias vezes olhava dentro do copinho. Queria ver logo o resultado e fui ficando frustrada, porque nos primeiros dias nada aconteceu. O algodão ficou roxinho, o feijão inchado e só.

Reclamei com minha mãe e quis desfazer tudo. Tinha certeza que o feijão estava com defeito, mas minha mãe me disse apenas para pôr mais água. Fiquei irritada e disse que não iria colocar porque nada estava acontecendo, ao que ela, com toda sua sabedoria adulta, respondeu: “Você quer apanhar? Cale sua boca e faça o que estou mandando. É seu dever de casa e não quero queixas de sua professora!”. Manda quem pode, obedece quem tem juízo. Coloquei água com má vontade.

Como criança, não entendia e queria ver logo o resultado, a mudança, o crescimento. Não aconteceu como eu quis, mas, obediente, continuei com a experiência. Pus água e me desapeguei da minha semente de feijão. Passaram uns dias e, quando fui olhar no copo, a semente já estava diferente – tinha algo saindo de dentro dela. Eu me animei, umedeci mais um pouco o algodão e fui me distrair vendo TV.

Passaram-se mais uns dias sem que eu lembrasse do copo na janela e, quando lembrei e fui ver, havia um pé de feijão dentro do meu copinho. Nossa, como fiquei feliz e orgulhosa! Ele cresceu lindo e forte, e eu o levei para escola com orgulho. O meu pé de feijão era o mais bonito, o maior, o melhor e muito especial, muito mais que de todos os meus coleguinhas, porque ele era meu.

Hoje entendo que aquele pé de feijão não era apenas o meu projeto de Ciências, mas também minha ansiedade, minha frustração, minha espera, minha má vontade e minha grata surpresa e felicidade ao ver e descobrir que ele não estava com defeito!

Lembrei-me disso ao notar como fico constantemente ansiosa e de como isso se torna, quase sempre, um problema.

Tenho estudado o DSM -V e o CID 10 (sistematizações sobre transtornos mentais) e lido tantos artigos sobre o assunto, que sei que perder o controle sobre isso me levará a um caos generalizado. A ansiedade é a mesma para mim e para o resto do mundo: quando nos deixamos levar por ela, perdemos o encanto da espera. A ansiedade tira a beleza da novidade, rouba a alegria da surpresa.

Recordar dessa tenra experiência da minha infância, mostrou que meu pé de feijão para o projeto de Ciências me ensinou muito mais do que plantas surgindo de dentro de sementes, e alimentando-se de água e luz solar. Ensinou-me também que eu, algumas vezes, não devo me precipitar pulando etapas. A vida e o mundo têm o seu próprio tempo e é legal, sim, sentar-se e ver Scooby Doo enquanto espero o que quero, e preciso, que aconteça, ou deixe de acontecer. Existe beleza em tudo.

O tempo determinado de todas as coisas é tão importante quanto o acontecimento. Esperar é chato, mas traz consigo incríveis resultados, regados de maravilhosas emoções. Obediência e disciplina são amargas no início, mas doces no final e nos acrescentam anos de vida. Não é preciso ir longe nos pensamentos, basta lembrar de dietas rigorosas que médicos nos receitam e a emoção que surge a cada quilo perdido, ou do nossos pais, que tanto criticamos, e, ao envelhecer, nos vemos semelhantes. As pesadas cobranças dos nossos gerentes e diretores repetidas por nós quando alcançamos os mesmos cargos. Existem regras idiotas em todos os lugares, até mesmo nas fórmulas chatas e tão úteis das planilhas do Excel, dor de cabeça que quebra o maior galho.

Etapas não devem ser puladas, não é certo querer forçar o corpo e correr à frente dos outros, se não estamos nas Olimpíadas ou em qualquer outra competição esportiva. Não devemos desanimar quando nada acontece sob nosso ponto de vista. No final, o resultado vai muito além do cansaço, do esforço e espera, pois, no fim, a recompensa será nosso próprio crescimento. Lance e plante boas sementes. Aguarde. Após alguns dias, o pé de feijão, seja ele qual for, irá crescer e dar muito orgulho, e, feliz como eu fiquei um dia, você também se gabará por ele, por ser seu e somente seu.

Kelly Casttro - Publicado em 16/10/2014.

Meta-se!


Hoje, ao pegar a condução para vir ao trabalho, presenciei uma menina, uma criança de doze anos e feições de sete, pichando o ônibus. Minha primeira reação foi de “não se meta”, mas Deus tocou em meu coração tão profundamente me lembrando que eu sou uma adulta, que tenho Cristo como meu exemplo e que sou a Igreja de Deus neste mundo, que decidi me meter com todo amor para fazer a diferença em sua vida.

Então me aproximei e, sem escândalo, disse: “menina, pare, você está cometendo um crime!”

Ela me olhou com os olhos arregalados e logo se encolheu no canto do assento. Então conversei com ela. Perguntei seu nome e disse que não estava brigando, mas que se um policial ou alguém da empresa de ônibus a pegasse fazendo aquilo, poderia agredi-la fisicamente ou, no mínimo, com palavras horríveis e obrigá-la a limpar tudo o que havia feito. Que poderiam denunciá-la, apresentar queixa no Conselho Tutelar e trazer problemas para os seus pais.

“Você sabe que isso é um crime e é errado? Sabe que isso pode te machucar e gerar problemas?” Perguntei. Ela balançou a cabeça em afirmação, mordendo a canetinha que usava. Perguntei mais: “Você quer passar por isso? Quer encrenca para você e sua família?” Ela disse que não, e encerrei: “Então não faça isso! Não vai acrescentar nada para você hoje e no futuro, nada mesmo.”.

Sei que, ao descer no meu destino, ela pode ter continuado a fazer o errado, mas fiz a minha parte e recomendo: Adultos, se preocupem em ser exemplo e, principalmente, se preocupem em passar os valores que um dia aprenderam e que sabem o quanto fizeram e fazem diferença em sua vida. Uma criança ou adolescente sozinhos dificilmente têm coragem de fazer algo errado, mas com outros amigos podem, sim, vir a fazer. Então se preocupem com onde e com quem seus filhos andam e se estão absorvendo seus exemplos e valores. Importe-se, sim, quando vir alguma criança que não tem nenhum parentesco contigo fazendo algo errado. Interrompa, converse e aconselhe com amor.

Um dia, com a mesma idade daquela menina, eu fiz a mesma coisa, influenciada por amizades, enquanto voltava da escola para casa. Quis ser “maneira” e pichar o ônibus enquanto meus colegas gritavam uns com outros e com as pessoas na rua e se divertiam em pé nos assentos do ônibus. Também, naquele dia, um adulto se meteu e me repreendeu. Fiquei muito envergonhada e com raiva na hora, mas nunca mais repeti tal coisa e, de verdade, isso fez a diferença na minha vida. Muitos jovens estão perdidos e se perdendo, e a culpa é nossa. Ainda dá tempo, vamos fazer a diferença.

Kelly Casttro - Publicado em 14/06/2017.

A Miséria e eu...

Eu não sei o que é passar fome, não sei o que é depender da caridade de alguém, eu conheço a pobreza e a uns dias atrás tive uma ideia do que é a miséria e ela não é bonita, ela é magra, com lábios cheio de feridas, com cabelos para o alto sem pentear e sem banho a dias, ela me pediu algo para comer e ainda tirou 0,50 centavos e disse: Estou com fome, você pode comprar um lanche para mim? Aqui para ajudar (R$ 0,50)! Eu só vou almoçar amanhã, é quando a igreja vem! Eu fiquei sem reação porque na hora doeu em mim, meu coração se constrangeu porque eu sou a igreja e me dei conta de que não sei de nada.

Comprei um lanche para ela e ela sorriu, agradeceu e do mesmo jeito que chegou foi embora arrastando um cobertor sujo, seu corpo magro quase desnudo segurando o lanche na mão como se tivesse ganho um prêmio, ela sorria e eu chorava, fiquei envergonhada porque me dei conta que por muito tempo tenho ignorado, finjo não ver, nunca pensei no que é ter as ruas como casa, no que é não ter o que comer, não ter esperança, não ter nada ou ter apenas a miséria no corpo, na alma e no espírito, eu chorei e senti como nunca antes tinha sentindo, eu fui socada pelas duras e ásperas mãos da realidade.

Eu sei que são muitos os fatores e decisões que contribuem para esse tipo de vida, sei que na maioria das vezes, mesmo sendo ajudadas algumas pessoas não querem ser livres e preferem continuar assim na miséria, mais o triste disso foi vislumbrar minha indiferença, nunca me importei ou me comovi com isso, foi tão dolorido me dar conta que eu chorei pelo resto do dia por minha falta de amor, eu sou a Igreja de Deus e não pratico a sua maior lei, o amor, dar sem esperar nada em troca, fazer o bem sem julgamentos, amparar o que precisa, não negar se tenho o bem em minhas mãos, sentir e olhar com os olhos de Deus, amar com o amor D'Ele e pela primeira vez em muito tempo eu quis ser e fazer diferente.

Por mim mesma sei o quanto seria difícil essa mudança, com vergonha e timidamente, sem vontade de fazer firulas com palavras difíceis e complicadas, apenas gemi essas breves palavras em oração esperando e confiando que Deus não me deixará desamparada na minha escassez e miséria do Amor Dele: "Deus, hoje te peço por mais do teu Amor para meu coração, O agradeço pelos trocados na minha carteira, peço perdão por sempre ignorar e fingir não ver e imploro: por favor Deus, me desperta porque eu sou a tua igreja".

Kelly Casttro - Publicado em 08/10/2013.

"Dias de Chuva"


Eu amo dias de chuva, os amo tanto que por mais que faça frio o meu coração fica aquecido, como em um abraço carinhoso, me sinto extremamente confortável, a claridade acinzentada, os arrepios, as gotas escorrendo pela janela, o silêncio quebrado pelo som da água caindo... Ah! como gosto de contemplar essa paisagem pela minha janela, me sinto totalmente envolvida e tudo, qualquer detalhe para mim sempre é uma doce novidade.

Normalmente as pessoas não gostam de dias de chuva, ficam incomodadas e irritadas, o trânsito fica ruim, o ônibus lotado aborrece ainda mais, os pés ficam sempre frios, não sabemos o que fazer com guarda chuva molhado, carros espirram lama em quem der mole, e eu compreendo, porém, para mim, dias de chuva significam muito mais do que suas consequências, sinto-me tocada pelo sentimento de paz, sinto-me lavada quando ela cai, sinto-me grata, sinto-me abençoada.

Trabalhei por anos seguidos, um trabalho que após algum tempo se tornou muito cansativo, e nos dias de chuva sempre parava perto de alguma janela e a contemplava, alguns segundos eram suficientes para me animar a continuar trabalhando, quando pegava o ônibus, me sentia bem mesmo em pé, espremida entre tantos estranhos, só de vê-la escorrendo pela lateral da janela, os desenhos formados pela água espalhada pelo vento, era o suficiente para me absorver e me fazer aguentar mais uma hora em pé, é realmente estranho.

Mas, porque gosto tanto? Talvez seja porque em meu coração sempre chova ou talvez porque em dias de chuva eu olhe para dentro de mim com olhos de verdade, talvez porque me lembre de algo ou então, por ser de uma familia de trabalhadores do campo, a respeito pelos beneficios que traz para a terra e a natureza, talvez não seja nada disso, talvez, eu apenas goste, apenas aprecie, apenas veja beleza em cada gota, na poça, nas sombrinhas compartilhadas, nas folhas balançando agradecidas, no céu inteiro pintando do mesmo tom de cinza, que só percebo nos frios dias de chuva.

Kelly Castro - Publicado em 09/10/2009





terça-feira, 11 de setembro de 2012

Soneto do Amor Total



Amo-te tanto, meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.


Amo-te afim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.


Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.


E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.

Vinícius de Moraes
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sábado, 8 de maio de 2010

"O manto do Amor"


O amor [...] tudo suporta, [portanto, sempre protege]. 1 Coríntios 13:6,7


[...]Paulo empregou uma palavra rica aqui, o sentido de sua raiz é "cobrir ou guardar". Seus primos do lado substantivo da família são telhado e abrigo. Quando Paulo disse: " O amor [...] tudo suporta, [portanto, sempre protege]", talvez estivesse pensando na sombra de uma árvore ou no refúgio de uma casa. Ele podia até mesmo estar pensando em um manto.

[...]Lembra-se de ter recebido um? Você estava nervoso com o teste, mas o professor ficou até mais tarde para ajudá-lo. Você estava longe de casa e com medo, mas sua mãe telefonou para confortá-lo. Você era inocente e foi acusado, por isso seu amigo ficou para defendê-lo. Coberto com encorajamento. Coberto com cuidado de um coração terno. Coberto com proteção. Coberto com um manto de amor.

Todavia, seu mais excelente manto de amor vem de Deus. Nunca pensou em seu Criador como um confeccionador? Adão e Eva pensavam nele assim.

[...]O Senhor Deus fez roupas de pele e com elas vestiu Adão e sua mulher".

[...] Oh, o que não daria por um vislumbre daquele momento. Adão e Eva estão em seu caminho de saída do jardim. Foi-lhes dito para sair do jardim, mas, agora, Deus diz-lhes que parem. "Essas folhas de figueira", diz ele, balançando a cabeça, "jamais servirão".

E ele produz uma roupa. Mas ele não joga a roupa aos pés deles e diz-lhes para que se vistam. Ele mesmo veste-os. "Fique quieto, Adão. Vamos ver se serve."

Como a mãe vestiria o bebê. Como o pai fecharia a jaqueta do filho na pré escola. Como o médico poria o jaleco sobre a menina assustada. Deus os cobre. Ele os protege.

O amor sempre protege.

Ele não faz o mesmo por nós? Comemos nossa porção do fruto proibido. Dizemos o que não devíamos dizer. Vamos aonde nãoo devíamos ir. Pegamos frutos de árvores em que não devíamos tocar.

E quando fazemos isso, a porta se abre e a vergonha entra. E escondemo-nos. Costuramos folhas de figueira. Desculpas frágeis. Justificações diáfanas. Cobrimo-nos com boas obras, mas uma rajada do vento da verdade, e estamos nus de novo - totalmente nus em nosso fracasso.

Então, o que Deus faz? Exatamente o que fez para nossos pais no jardim. Ele derramama sangue inocente. Ele oferece a vida de seu Filho. E da cena do sacrificio, o Pai pega um manto - não a pele de um animal - mas o manto da justiça. E será que ele joga o manto na nossa direção e diz para que o modelemos? Não, ele mesmo nos veste. Ele nos veste com ele mesmo. "Os que em Cristo foram batizados, de Cristo se revestiram" Galatas 3:26,27.

O Paramentar é obra dele, não nossa. Você notou a passividade de Adão e Eva? Eles não fizeram nada. Absolutamente nada. Eles não pediram o sacrificio; eles não pensaram no sacrificio; eles nem mesmo se vestiram. Eles foram passivos no processo. Nós também somos[...].

Escondemo-nos. Ele procura. Trazemos pecado. Ele traz sacrificio. Experimentamos a folha da fiqueira. Ele traz o manto de justiça [...].

Deus nos veste. Ele nos protege com um manto de amor. Você olha sua vida em restrospectiva e consegue ver as cisrcuntânmcias da proteção de Deus?[...].

[...]Será que ele faz por nós o que fez pela mulher pega em adultério? Ele protegeu-a de ser apedrejada. E seus discipulos? Ele protegeu-os da tempestade. E o endemoninhado? Ele protegeu-os do inferno mesmo. Jesus protegeu Pedro até mesmo dos coletores de imposto priovidenciando o pagamento do imposto.

[...]"Como as aves dão proteção aos filhotes com suas asas, o Senhor dos Exercitos protegerá Jerusalém" (Isaias 31:5).

[...]Você conhece alguém que, como Adão e Eva, é culpado e está envergonhado? Você conhece alguém que precise de um manto de amor?

[...]Nunca ouviu uma fofoca a respeito de alguém que conhece? Nunca viu um chacal humano jantar um amigo caído?

[...]"O amor perdoa muitíssimos pecados" (1Pedro 4:8). O amor não expõe. O amor não fofoca. Se o amor dizer alguma coisa, são palavras de defesa. Palavras de bondade. Palavras de proteção.

[...]Conhece alguém que possa usar alguma proteção? Claro que você conhece. Então, dê esse proteção.

[...]Você recebeu o primeiro manto de amor? Então, arrume tempo para dar o segundo.



Trechos do capítulo 12 do livro "O AMOR ACIMA DE TUDO - MAX LUCADO".


Recomendo...